Duas equipes de Vitória do Xingu e uma de Altamira, compostas por estudantes indígenas e ribeirinhos do Oeste do Pará, são as grandes novidades da etapa regional do Torneio Sesi de Robótica First Lego League. Desde maio, as escolas da região têm recebido apoio do SESI, com kits de robótica e treinamento especializado para os professores, abrindo novas possibilidades de aprendizado e inovação para esses jovens talentos.
Mesmo com pouco tempo de implantação da nova metodologia, a Escola Indígena Francisca de Oliveira Lemos Juruna já conseguiu enviar duas equipes ao torneio. “No primeiro momento, nós achávamos que era mais uma parte criativa sobre robô. Mas a gente entendeu que é uma pesquisa de um problema que a gente já luta há anos que é sobre a preservação e esse ano coincidentemente é sobre a preservação do oceano”, explica o professor, Fernando Juruna, responsável pelas equipes YudjaTech e JurunaBots, ambas da escola de Vitória do Xingu.
Para os estudantes indígenas, estudar o tema “Submerged” - que busca maneiras de lidar com o problema do lixo nos oceanos - foi desafiador por não terem acesso ao oceano, mesmo assim perceberam que o tema não era de todo estranho, uma vez que preservação da água também é um problema nos rios.
“Esse torneio me fez pensar bastante em aprender porque o nosso tema e o nosso projeto nem a gente sabia, a gente foi estudando e aprendeu muita coisa. Escolhemos desenvolver o tema dos microplásticos, que não é muito debatido, então isso foi bom porque a gente já pode pensar num futuro melhor a partir desse conhecimento”, aponta a estudante do nono ano, Luana Machado, de 15 anos, da equipe JurunaBots, de Vitória do Xingu.
Quem também trouxe um tema importante para a preservação da vida foi a equipe Kuruaya Itaibitxim, da Escola Municipal Ensino Infantil e Fundamental Kirinpan Kuruaya, com o projeto de inovação que busca proteger os ninhos de ovos de tartaruga.
“Em apenas dois meses de pesquisa e desenvolvimento, os alunos trouxeram um projeto inovador ‘guardião dos ninhos de tartaruga’, que é um robô que vai ajudar a preservar e manter os ninhos de tartaruga porque os ovos são muito predados pelos predadores naturais que são o urubu, a onça, os camaleões. Então esse robô tem essa proposta de vigiar e avisar os protetores quando ele sentir que se aproximar algum predador”, conta a gestora da Escola e técnica da equipe.
Batizada de Kuruaya Itaibitxin, que significa Gente ou Povo Inteligente, a equipe conta com quatro estudantes indígenas e ribeirinhos e dois professores técnicos. A participação dos alunos é fruto do Inspira Xingu, projeto do SESI Altamira que, em parceria como Belo Monte Comunidade, programa de responsabilidade social da Norte Energia, levou a robótica para a escola do bairro Tavaquara, construído pela concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte para receber famílias indígenas e ribeirinhas.
O torneio SESI de Robótica segue até esta sexta-feira (06), a partir de 8h, no SESI Ananindeua. Entrada gratuita.